O céu é o limite
O jornalismo respira por aparelhos faz tempo. Não se pratica mais o ofício de apurar. O negócio é atirar, sem antes perguntar. Péssimo hábito, enaltecido por “formadores” de opinião, pagos a preço de ouro, que acham tudo válido. A lei de Talião revigorada.
Há poucos dias o ovo de Colombo era o Ministério do Esporte. Antes de qualquer achismo não espalhem por aí que estou a defender o ex-ministro Orlando Silva. A pauta estava enviesada. Deixaram vários atores fora da trama. Perguntas sem respostas pipocavam como as pequenas formiguinhas em nossas casas. Havia interesses? Lógico. Ou alguém notou que no mesmo dia em que a estocada mais forte foi dada, esteve no senado o jornalista Andrew Jennings, quando repetiu as acusações contra o big boss Ricardo Teixeira? Não. Acompanhei o Jornal Nacional do início ao fim. Nenhuma palavra sobre a audiência com o profissional da rede britânica BBC. Tampouco nos parceiros da força tarefa, derruba Dilma, encontrei algo – Veja, O Globo e afins....
E o PAN? Ficamos em terceiro. Atrás de Cuba e EUA. A Ilha de Fidel com menos atletas e infinitamente menos recursos. Será que tem algo na água que eles bebem ou...? Não, claro que não. Bobagem da minha cabeça. Tão logo chegue ao Brasil o eterno presidente do COB, Carlos Nuzman, será “questionado”. Para registro novamente: ficamos atrás da combalida Cuba. Que beleza.
Em curso, já de longa data, testemunhamos um antijornalismo sem limite. Que se acha no direito de invadir propriedade alheia, mentir, atacar e condenar. A linha tênue que separa liberdade com responsabilidade já foi ultrapassada faz tempo. Qualquer tentativa de discutir o método adotado e suas conseqüências, logo é rechaçada pelas famílias que controlam a chamada grande imprensa. A frase “O estado sou eu”, de Luís XIV, serve bem para definir o que acontece no Brasil. Imprensa, acima de tudo e de todos, acredita e defende que tudo tenha que girar em torno de si.
Perde-se o prazer da leitura, do ouvir e de ver. Alguns ainda pensam que a maioria das pessoas vive no mundo das trevas. Apesar da banalização de muitas redes sociais, a informação – de todos os naipes, inclusive a que deturpa – circula em velocidade capaz de informar o menos desavisado. Vai muito que aquela senhora que dava boa noite para os apresentadores do JN pensa duas vezes ao desejar algo de bom para pessoas que a tratam com certo menosprezo. A democratização dos meios ainda não acontece, mas ela terá que ser realizada, mais cedo ou mais tarde, por mais gritos, choros ou esperneios que possam existir.